Uso de tinturas e outras químicas no cabelo durante a gestaçã.
Durante a gravidez, pode-se fazer o uso de tintura no cabelo?
As tinturas para cabelo são fonte de constante preocupação para gestantes, pois são compostas por inúmeros produtos e não recomendadas pelos fabricantes. Aparentemente a sua absorção pelo organismo é muito pequena e ainda não existem relatos associando uso de tinturas de cabelo a um aumento na taxa de malformações nos bebês expostos.
Normalmente a absorção de substâncias pelo couro cabeludo é baixa, entretanto, caso esteja ele danificado ou ferido, a absorção pode ser elevada. Também é importante utilizar produtos de marcas confiáveis, verificando se a tintura utilizada possui chumbo em sua composição, que é uma substância potencialmente prejudicial ao bebê.
Outra recomendação importante para diminuir a exposição da gestante é que o produto seja aplicado por um profissional e em local ventilado.
Em um estudo realizado com gestantes expostas a tinturas para cabelo e produtos para permanente a partir de consultas realizadas no Serviço de Informações sobre Agentes Teratogênicos (SIAT) de Porto Alegre, não se observou aumento de malformações nos bebês dessas mães quando comparados ao grupo de filhos de gestantes que não utilizaram qualquer tratamento capilar.
Considera-se que o risco para o recém-nascido decorrente dos tratamentos capilares durante a gestação somente existiria em casos de intoxicação materna. Esses efeitos tóxicos só foram documentados em casos de absorção digestiva ou exposição industrial.
Considerando a limitação das informações disponíveis, tem-se sugerido evitar tinturas no primeiro trimestre para evitar preocupações desnecessárias para a gestante. Por outro lado, nossa conduta tem sido tranquilizar as gestantes já expostas.
E outros tipos de química para o cabelo, como, por exemplo, o alisamento, quais malefícios podem trazer para o bebê?
Alisante: Os alisantes de cabelo podem conter hidróxido de sódio ou potássio ou combinação de hidróxido de cálcio e carbonato de guanidina. Em relação a estes agentes, não são relatados casos de malformações fetais, entretanto não há estudos amplos que possam garantir a segurança durante a gestação.
Permanente: Os produtos para permanente incluem geralmente uma solução alcalina com tioglicolato e um fixador/neutralizador que geralmente é uma solução de peróxido de hidrogênio. As soluções para permanente podem ser irritativas, mas não há evidências de que sejam prejudiciais para o bebê. O peróxido de hidrogênio é rapidamente convertido em água e oxigênio e não possui efeitos no organismo.
Descolorantes: Geralmente compostos por peróxido de hidrogênio e persulfato de amônia, que pode causar irritação na pele e mesmo respiratória. A maioria das exposições envolve doses muito pequenas.
Escova Progressiva: Geralmente, o principal ingrediente da escova progressiva é o formol. Estudos avaliando o uso de formol durante a gestação de animais não entram em consenso com relação à segurança, enquanto que em humanos os relatos são limitados e, na maioria das vezes, relacionados a cabeleireiras, que têm exposição muito maior do que as usuárias eventuais. Nesses casos, não se observaram malformações nos bebês das profissionais expostas.
Entretanto, o formol é um composto químico considerado cancerígeno pela Organização Mundial de Saúde. Absorvido por inalação e principalmente quando em exposição prolongada, o formol tem a propriedade de aumentar o risco de aparecimento de câncer na boca, nas narinas, no pulmão, no sangue e na cabeça. Quanto maior for a concentração e a frequência de uso do formol, maior será a quantidade de gás inalado, maior será o contato com a pele e consequentemente maior será o perigo, tanto para os profissionais que aplicam o produto quanto para os usuários.
Além disso, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o formol é uma matéria-prima com uso permitido em cosméticos nas funções de conservante (limite máximo de uso permitido 0,2% - Resolução 162/01) e como agente endurecedor de unhas (limite máximo de uso permitido 5% - Resolução 79/00 Anexo V). Sabe-se também que a agência não tem registrado produtos chamados “alisantes capilares” que contenham formol em sua fórmula. Segundo a agência, o formol não funciona como alisante nas concentrações permitidas. Assim, recomenda-se que a exposição ao formol durante a gravidez seja limitada ao mínimo possível, e que a manipulação da substância seja feita sempre em local ventilado.
De uma maneira geral, as exposições na gestação (farmacológicas ou não) obedecem a uma relação de risco-benefício, ou seja, às vezes é necessário correr um pequeno risco para evitar outros riscos maiores, como no caso de medicamentos para tratar doenças crônicas. Por outro lado, devem-se evitar riscos desnecessários.
Atualmente, ainda não existem estudos científicos que comprovem que o uso de tintura de cabelo e outros produtos para uso capilar durante a gestação sejam prejudiciais para o bebê. Por outro lado, pela falta de estudos que estabeleçam a segurança desses produtos e pela presença de elementos químicos nestas tinturas (chumbo, por exemplo), aconselha-se a gestante de que evite a utilização destas formulações químicas no primeiro trimestre gestacional, para que não ocorram preocupações desnecessárias futuramente.
O que é o SIAT?
O SIAT (Sistema de Informações sobre Agentes Teratogênicos) é um serviço gratuito que presta informações a gestantes, familiares e profissionais de saúde a respeito de exposições a medicamentos e a outros agentes químicos, físicos e biológicos durante a gestação.
Nossas consultas são recebidas por via telefônica ou fax, e um laudo escrito pode ser enviado a seu médico.
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